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sábado, 25 de maio de 2013

O LEÃO E O MOSQUITO - Lá Fontaine


O LEÃO E O MOSQUITO 
La Fontaine
                 Uma vez, um mosquito declarou guerra ao leão dizendo-lhe que pouco se importava com seu título de rei. Dito isto, começou a picá-lo por todos os lados, tornando-o furioso, não lhe dando trégua, até que o leão caiu esgotado. O inseto, então, se retirou cheio de orgulho, mas, enquanto ia anunciar a todos os demais bichos sua vitória, caiu na traiçoeira teia de uma aranha e lá ficou preso. 

MORAL DA HISTÓRIA
 As vitórias nem sempre são duradouras. Por isso não se deve contar vantagem antes do tempo. 
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Pesquisa e postagem 
Nicéas Romeo Zanchett 
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O CORVO QUE QUERIA IMITAR A ÁGUIA - Lá Fontaine


O CORVO QUE QUERIA IMITAR A ÁGUIA
 Lá Fontaine
               Um corvo viu uma águia roubar um carneiro e pensou em fazer o mesmo. Escolheu, no rebanho, um carneiro bem gordo e foi para cima dele.  Mas o animal era bastante pesado e seu pelo muito espesso, de modo que as garras da ave ali ficaram enrascadas. E foi assim que o pastor logo acudiu o carneirinho, agarrou o corvo e o pôs numa gaiola para divertir seus filhos. 

MORAL DA HISTÓRIA 
O ladrão não deve roubar o que não pode carregar. A ganância sempre leva à desgraça. 
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Pesquisa e postagem 
Nicéas Romeo Zanchett 
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OS DOIS BURROS


OS DOIS BURROS 
 La Fontaine 
                    Os dois burros caminhavam um ao lado do outro. Um carregava aveia e outro, dinheiro. O segundo, orgulhoso de sua carga, caminhava cheio de vaidade. Surgiram dois bandidos, que se atiraram sobre ele e o cobriram de pauladas para arrancar-lhe a carga. O outro burro então lhe disse: "Amigo, nem sempre é bom ter emprego importante. Se você estivesse servindo um moleiro (moinho de cereais), como eu sirvo, estaria são e salvo. 

MORAL DA HISTÓRIA 
O orgulho não leva a boa coisa. É melhor um trabalho humilde, mas digno. (Diariamente vemos noticias de pessoas que vivem de forma gananciosa e sempre acabam em maus lençóis. Isso tem ocorrido muito na política brasileira, onde os poderosos usam do seu poder e roubam o dinheiro do povo; mas no final sempre se dão mal. Deus existe!

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O LOBO E O CÃO


O LOBO E O CÃO 
 Lá Fontaine 
              Um lobo espantosamente magro encontrou um cão gordo e bem nutrido. Não podendo atacá-lo chegou-se a ele humildemente, e o cão lhe disse que, se desejasse viver tão bem quanto ele, era só acompanhá-lo até sua casa. Mas, quando o lobo viu a marca que a coleira deixara no pescoço do cão, alegou que preferia passar fome a perder a liberdade.

MORAL DA HISTÓRIA
A liberdade é o bem mais precioso que temos. Por isso, é preciso tudo fazer e até  sacrificar-nos  para mantê-la. 
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Pesquisa e postagem Nicéas Romeo Zanchett 
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O LEÃO E O BURRO VÃO À CAÇA


O LEÃO E O BURRO VÃO À CAÇA 
La Fontaine 
                Certo dia, um leão pensou em ir à caça e, para desentocar os animais, fez-se acompanhar por um burro, ao qual ordenou que ficasse escondido na moita, a zurrar. Os bichos da floresta, apavorados com aquela voz insólita, fugiram e foram cair nas garras do leão. O burro atribuiu, então, todo o mérito da caçada a si, mas o leão lhe respondeu: "Eu também me espantaria com seu zurro,  se não conhecesse você e sua raça."


MORAL DA HISTÓRIA
   Muitas vezes nos deixamos levar pelas aparências. 
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Pesquisa e postagem Nicéas Romeo Zanchett 
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sexta-feira, 24 de maio de 2013

HISTÓRIA DE LA FONTAINE

Jean de La Fontaine 

HISTÓRIA DE LÁ FONTAINE 
Por Nicéas Romeo Zanchett 
               Jean de La Fontaine foi um literato de índole irrequieta e inconsistente; viveu desordenadamente grande parte de sua vida; todavia, seu amor aos estudos clássicos e particularmente pelos poetas Virgílio e Horácio, mitigaram nele aquele senso de moleza e abandono egoístico ao ócio e às cômodas situações da vida. 
                Ele nascera  em 1621, em uma cidadezinha do Norte da França: Château-Thierry. Não temos notícias muito seguras quanto à sua primeira mocidade nem sobre os estudos feitos. Sabemos que estudou latim, mas que não conhecia grego; leu os clássicos gregos nas traduções latinas e apaixonou-se especialmente por Plutarco e Platão, além de, naturalmente, Homero. 
               A Corte de França, no século XVII, a faustosa corte do Rei Sol, tinha marcada predileção pela poesia. O rei e os senhores de seu séquito divertiam-se em ouvir as composições dos poetas, encorajavam-nos e protegiam-nos. Segundo a moda do século, tudo servia de motivo para compor versos: história sagrada e profana, poemas morais e religiosos, poesias de circunstâncias, que celebravam os acontecimentos e os fastos da Corte, poesias satíricas, mas sobretudo as brejeiras e galantes, que melhor convinham no ambiente elegante e mundano. 
                Devido à índole incrivelmente volúvel, Jean de La Fontaine não conseguiu jamais sua vontade; na verdade, depois de alguns anos, abandonou o emprego que o pai lhe conseguira e apenas por breve tempo exerceu a profissão de advogado. Dele sabemos unicamente, com certeza, que viveu como um literato parasita, à mercê dos protetores, que o recebiam entre os estudiosos de seus salões, na faustosa Paris de Luiz XV. 
                A vida de Lá Fontaine é pobre de acontecimentos, e aqueles poucos que conhecemos possuem o único interesse de estarem ligados ao nome do grande poeta. Casou-se aos 26 anos para agradar a seus pais; depois, dedicando-se ao estudos de Direito, acabou se aborrecendo bem cedo da profissão de advogado e sua vida se dividiu entre Paris e a cidade natal, e pouco a pouco os liames de família se foram afrouxando até se dissolverem quase completamente. Jean nascera em um ambiente burguês, mas seu caráter era tipicamente adverso à vida ordenada e metódica. Gostava de Flanar, estudar para distrair-se, não tolerava restrições nem sujeições. Dada a falta de vontade que ele mesmo repetidamente confessa, não tentou jamais modificar seu próprio temperamento volúvel e amante de diversões poéticas e de viver no mundo da fantasia. 
               Ele mesmo nos revelou o próprio caráter através de suas ações e, melhor ainda, de suas obras; homem ingênuo, sonhador mais ocupado com a poesia do que pelos negócios e pela família, sem preocupações quanto ao presente e muito menos pelo futuro. 
               Devido à sua falta de senso prático, encontrou-se, frequentemente, em dificuldades materiais; viveu sempre de generosas proteções, mas esta vida de parasita, que a nós pode parecer humilhante, não parecia tal, em um século em que os senhores, seguindo o exemplo do rei,  consideravam uma glória rodear-se de escritores e artistas. 
                A vocação poética nele se revelou declamando uma ode de Malherbe. Cheio de entusiasmo, passou a ler este autor, a meditá-lo, a imitá-lo. Compelido pelo seu amor pelos poetas latinos, próprio de seu tempo, estudou apaixonadamente Horácio, Virgílio e Terêncio; admirou a nobre simplicidade destes escritores e, certamente, aprendeu com eles a pureza do estilo e a clareza da linguagem. 
                 Vivia quase desconhecido em sua cidade, quando foi apresentado à duquesa de Boillon. Ela apreciou o talento espontâneo do jovem poeta provincial, encorajou-o e induziu-o a estabelecer-se definitivamente em Paris. Aqui La Fontaine teve oportunidade de aprofundar seus estudos, de ampliar suas relações no mundo social e literário. 
                O primeiro trabalho que o tornou conhecido foi uma adaptação, em verso, de uma comédia latia de Terêncio. O Superintendente das Finanças, Fouquet, simpatizou com ele, tratando-o com muita generosidade. Para ele, La Fontaine compôs os poemas "Adônis" e "O Sonho de Vaux". Este último devia ser a exaltação do fausto e da glória de Fouquet, mas não foi completado, porque o ministro, caindo em desgraça, foi condenado como criminoso de Estado. Fiel ao seu benfeitor, o poeta ousou compor uma comovedora "Elegia" e depois uma "Ode ao Rei", ambas para implorar a clemência de Luiz XIV para o ministro prisioneiro. Perdera um protetor, mas logo encontrou outros, também bastante generosos e capazes de apreciar não só o seu talento poético, mas ainda a simples bondade de sua alma. Não foi, de resto, uma generosidade desperdiçada; o poeta recompensou seus benfeitores (senhores e nobres damas, mais ou menos famosos) dedicando a eles sua produção poética e ligando-lhes, assim, a recordação à sua imperecível glória. 
                Em Paris, La Fontaine estreitou amizade com os melhores talentos de seu tempo: Boileau, Molière, Racine. Neste período, depois dos quarenta anos, começou a compor suas novelas e  publicar as coletâneas intituladas "Contos e Novelas em versos". O assunto dos contos foi extraído, em grande parte, de Machiavelli, Boccaccio, Ariosto, além de Ovídio e da novelística popular francesa. Neste gênero literário, Lá Fontaine encontrou o campo em que poderia livremente expandir seu espírito alegre, estroso, livre de escrúpulos morais. Estas líricas galantes, de conteúdo quase sempre licencioso, são escritos  em tom brincalhão e cético. Tiveram enorme sucesso. Infelizmente, os argumentos das histórias são, geralmente, imorais, mas o estilo é elegante, cheio de finura e de espírito. Revelam-nos a habilidade do poeta em observar e colher do real, com poucos traços, os tipos mais diferentes; muitas vezes, os contos são animados por observações maliciosas, reflexões pessoais, que preludiam as "Fábulas". 
                  Estas histórias provocaram em Lá Fontaine muitas desaprovações e críticas; quando foi eleito membro da Academia, precisou ouvir um discurso em que não faltavam censuras nem exortações para "prosseguir no caminho da virtude" e "unir à pureza de vida aquela de estilo". 
                  Como diz claramente no prefácio da primeira seleta, La Fontaine estava sinceramente convicto de que os seus "Contos" não representavam um perigo para a moral nem pudessem perturbar os espíritos. Todavia, mais tarde, durante uma grave enfermidade, prometeu ao seu confessor que pediria perdão a Deus publicamente, pelo que escrevera. Restabelecendo-se, manteve a promessa, manifestando seu ato de contrição perante a Academia, durante a primeira sessão de que participou e prometendo renunciar à publicação de seus contos. Nos últimos anos de sua vida sua energia e força física foram enfraquecendo. Viu aproximar-se a morte, com resignação, e até a predisse em uma carta a um velho amigo ao qual escreveu em 10 de fevereiro de 1695: "Antes que você receba esta carta, as portas da Eternidade talvez já estejam abertas para mim." Realmente, faleceu em Paris, no dia 13 de abril do mesmo ano. 
                   Nós estamos habituados a considerar  La Fontaine sobretudo como o poeta dos "Contos" e das "Fábulas". Mas antes, durante e depois dessas obras maiores, ele escreveu, em prosa e em verso, sobre os mais diversos assuntos.  Suas cartas, por exemplo, são um modelo de ingênua simplicidade, e revelam-nos gostos, sentimentos e mágoas de seu coração. As dedicatórias, os prefácios de suas obras e a "Vida de Esopo Frígio", que precederam a primeira coletânea de fábulas, são escritos em uma prosa elegante e muito viva. A exemplo do escritor latino Apúleu, compôs, também, um romance intitulado "Os Amores de Psique e Cupido".  Mas a glória universal de La Fontaine está ligada às fábulas. Estas representam, realmente, sua obra prima. 
                  A fábula é um gênero literário antiquíssimo: basta pensar em Esopo e Fedro. Quantas fábulas de origem popular tinham sido compostas durante a Idade Média. O poeta hauriu, pois, nestas fontes e em outras diversas, mas soube fazê-las suas, dar-lhes um caráter pessoal e inconfundível. Como todos os grandes escritores de seu tempo, dedicava um verdadeiro culto pelos antigos  e esta espécie de sagrado respeito induzia-o  a considerar-se inferior. Entretanto, La Fontaine escreveu, certa vez: "A minha imitação não é uma servidão." Na verdade, retoma a fábula clássica, mas a renova e a torna mais rica e mais profunda, sem tirar-lhe nada de sua clareza. Ele soube observar a natureza e os animais e lançou em suas fábulas o tesouro das observações apanhadas pelo seu espírito agudo e curioso e pela sua viva inteligência. Nas fábulas, ele á deveras poeta universal. Não é dominado por objetivos morais e didáticos; e na dedicatória ao Delfim afirma: "Eu me sirvo  dos animais para instruir os homens", ele se limita a ver, constatar e pintar. 
                   É um poeta que observa como vivem os homens, com suas fraquezas, com seus sentimentos generosos ou mesquinhos, que os impelem a agir. La Fontaine colhe na realidade os tipos humanos e os retrata com veracidade, cada qual com sua linguagem e a mentalidade que são peculiares às suas condições. Mas a fantasia do poeta soube transformar cada um destes personagens e os apresenta sob as vestes de animais, em tipos universais. Cada fábula é um pequeno drama, que representa os mil dramas de que a vida cotidiana dos homens está embebida. O poeta vê a realidade com límpido olhar  de criança, mas também com a sábia ironia do homem maduro, com malícia bonacheirona, que é própria de seu caráter. 
                     Estas composições poéticas, breves, perfeitas, tão diferentes nas mil caricaturas dos defeitos e dos vícios humanos, condizem perfeitamente ao seu temperamento de Autor, volúvel, cheio de fantasias, incapaz de aplicação prolongada, tanto que no epílogo do IV volume das "Fábulas", escreve: "Os trabalhos longos assustam-me". Através de cada  fábula, que é um modelo de concisão, o poeta nos pinta, em traços rápidos e eficazes, a vida  social, a natureza, a política, o homem humilde ou poderoso. 
                     Os versos de La Fontaine, em sua cristalina pureza, possuem uma poderosa eficácia, justamente porque são simples e espontâneos, livres do tom enfático e empolado que encontramos em tantos escritores da época. Eis porque as fábulas de La Fontaine permanecem jovens. 
                     As "Fábulas" encontram-se reunidas em doze volumes.  A coletânea dos seis primeiros foi publicada em 1668 e obteve enorme sucesso. Os outros volumes saíram em 1671, em 1678 e em 1694. Em vinte e cinco anos, as "Fábulas" foram impressas trinta e sete vezes. 
                    Na verdade, foi La Fontaine que acostumou o mundo todo a ler e refletir sobre as fábulas. Esopo e Fedro, onde estiverem, certamente estarão felizes de ver que suas belas historinhas, que foram adaptadas e divulgadas por ele,  continuam vivas e fazendo meditar e alegrar a todos, especialmente às crianças.
Nicéas Romeo Zanchett 
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